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“Inevitável não se sentir culpada” desabafa mãe após os dois filhos tirarem a própria vida

"Inevitável não se sentir culpada" desabafa mãe após os dois filhos tirarem a própria vida

O que mais uma mãe quer na vida é a felicidade dos seus filhos, para tanto faz de tudo para oferecer o melhor para eles.

No entanto, mesmo oferecendo todo amor, cuidando com carinho dos seus filhos, os dois filhos adolescentes de Guta Alencar não suportaram viver e infelizmente tiraram a própria vida, da mesma forma, num intervalo de três anos.

Diante da situação o sentimento de culpa por não ter feito alguma coisa para impedir o acontecido é o sentimento que vem no coração dessa mãe. Segundo entrevista ao Universa ela contou que esse tipo de morte é o único, em que não dá para “acusar” algo ou alguém. “Nas outras, dá para culpar a doença, o acidente…”

Guta é ainda mãe de uma menina de 5 anos, elas moram em Juazeiro do Norte no estado do Ceará. Para suportar essa dor tremenda ela vive  “um dia de cada vez”. E hoje, ajuda outras famílias que vivem o mesmo drama a superar tamanha dor.

Os filhos

Em conversa com Universa, ela contou que conheceu os pais dos meninos muito jovem, aos 21 anos, e de separou dele quando estava grávida do segundo filho, o Davi. O pais dos meninos os registraram, mas eles foram criados com a ajuda da avó e dos tios.

Para fugir da violência sofrida por parte do seu pai ela a mãe e os irmãos foram vier juntos. No ano seguinte, ela conheceu o marido Máximo, pai da menina, que a ajudou a criar os meninos.

Como ela não recebeu carinho em casa, sempre ofereceu aos filhos tudo que ela não teve. Sempre muito cuidadosa, zelava sempre pelos filhos.

O fato

Felipe, o mais velho frequentava muito a igreja, tendo em vista que a família era cristã. Sempre atuante participava de diversas atividades da igreja. Com 15 anos, ele se apaixonou por uma moça da mesma igreja, porém cinco anos mais velha. A diferença de idade sempre foi um empecilho para o casal. Depois de algum tempo a mãe da moça permitiu que ela namorasse Felipe mas com muitas restrições. Eles não podiam sair sozinhos, nem se ver quando quisesse, foi quando as brigas começaram.

Felipe não tinha depressão. Ele era alegre, estudava bastante  e queria ser obstetra.

Todavia, dia 14 de julho daquele ano, a mãe saiu para trabalhar. Eles se falaram por mensagens, combinaram comprar um tênis no próximo sábado.

Tempo depois, Davi ligou para ela avisando que o Felipe tinha saído e deixado o celular e a chave em casa.

Achamos estranho e imaginei que ele tivesse ido à casa da namorada. Liguei então para ela e pedi que me ligasse assim que ele chegasse.

A primeira despedida

Às 16h meu coração se apertou e eu não sabia o porquê, foi naquele momento que Felipe de 16 anos tirou sua própria vida. Ele estava escondido em casa esperando o irmão sai para fazer isso. O jovem foi encontrado pelo padrasto.

Depois a família viu uma mensagem no celular dele na qual ele discutia com a namorada e na última mensagem ele disse:  “Vou sofrer, mas…”. Ele não deixou carta de despedida.

A família mudou-se. Guta e Davi entraram em depressão e passaram a ter acompanhamento psiquiátrico. A mãe depois entendeu o porque da depressão. A namorada do Felipe tinha pedido para ele conferir se o irmão não estava mesmo em casa, mas ele não foi olhar. Confiou que o Felipe realmente tinha saído.Com isso, além da perda do irmão ele se sentia culpado.

Davi, em fevereiro deste ano, o Davi foi estudar em Sobral,  pois queria cursar psicologia na faculdade pública da cidade. Ele começou a namorar, mas em maio pediu para se consultar com um psiquiatra novamente. Recuperei mensagens dele para a namorada falando que não estava bem, mas não queria preocupar ninguém. Ele ligou para o CVV (Centro de Valorização da Vida), mas tinha 17 pessoas na fila de espera e desistiu.

A segunda despedida

Davi foi encontrado onde morava, da mesma maneira que Felipe, na madrugada de 28 de junho deste ano. Tinha 18 anos.

É inevitável não se sentir culpada. Perder um filho é trágico demais, ainda mais por suicídio. Quando é por doença, você culpa essa doença. Quando é acidente ou assalto, a mesma coisa: você culpa o outro. Você tem a necessidade de culpar alguém. Mas, quando é suicídio, você pensa: ‘O que foi que eu fiz?’“, contou Guta.

Também não tem essa história de “ah, você tem outro filho, tem que pensar nela”. Você pode ter 50 filhos, cada um é único. A perda é irreparável. Seguir em frente dói demais.

É comum culpar a falta de tempo dos pais, a internet, para explicar a fragilidade dos jovens. Mas não é isso. Eu tive tempo para eles e eles me deixaram. Não é culpa de ninguém”. finaliza a mãe

Hoje, Guta trabalha em um projeto, Amor em domicílio, criado por ela que ajuda mães estejam passando pelo mesmo problema. Ela atende as mães por Skype e presencialmente. Parte do seu trabalho é obter  atendimento psicológico gratuito para elas também.

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Fonte:https://www.uol.com.br

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