Mãe da semana: Andréa Jacoto – Gravidez de trigêmeos
A mamãe dessa semana é a minha amiga Andréa Jacoto, de 43 anos. Eu me lembro de alguns anos atrás quando eu trabalhava ainda na Vila Nova Conceição, eu a encontrei em um restaurante depois de muitos anos e ela me contou do sonho de ser mãe. Alguns anos se passaram e por conta das redes sociais pude acompanhar um pouco mais de perto a história dela e seu marido Andre Pronin, de 44 anos. Eles são pais de Larissa, 3 anos, Anna, Filipe e Alexandre, de 10 meses. Uma história linda e repleta de amor.
Planejamento:
Tanto a primeira, quanto a segunda gestação foram planejadas, porém, não esperávamos por trigêmeos
Tratamento:
Iniciamos tratamento em 2006 e somente após 9 fertilizações in vitro conseguimos engravidar da Larissa. Colocamos na época 3 embriões e somente um implantou. Já sabíamos que para uma segunda gestação também teria que ser via FIV e nos programamos para iniciar quando ela completasse 1 ano e meio. Implantamos 2 embriões, imaginando ter somente 1 bebê.
A descoberta da gravidez de trigêmeos:
Após o tratamento tive que aguardar 12 dias para realizar o teste Beta HCG, mas pelos meus sintomas já imaginávamos que seria positivo. O índice deu 4 vezes maior do que o da Larissa e começamos a desconfiar de gêmeos. Eu também comecei a sentir muito enjôo e fome, chegando a passar mal se não comesse de 3 em 3 horas.
No dia do ultrassom de confirmação, visualizamos as duas placentas e foi confirmada a gestação gemelar. Já ficamos apreensivos com este resultado e enquanto tirávamos algumas dúvidas com a médica, ela localizou o terceiro saco gestacional, confirmando após os batimentos cardíacos a gestação trigemelar.
Confesso que passei mal na hora, tive tremedeira e precisaram acionar uma enfermeira para tirar minha pressão. Meu marido entrou em choque, ficou mudo… Quando nos recuperamos da surpresa nos questionávamos como iríamos fazer… No final do dia, apesar das preocupações com a gestação em si e com a criação de 4 filhos, já estávamos amando nossos trigêmeos.
As gestações e suas intercorrências:
Tive problemas na minha primeira gestação, com rompimento de bolsa na 25ª semana, ficando internada por 2 meses até o nascimento da Larissa. Por este motivo, nossa médica se cercou de todos os cuidados para evitar qualquer problema.
Eu tomava os medicamentos indicados devido ao tratamento, vitaminas e protetores estomacais. Tomava também injeções diárias de anticoagulante para evitar trombose. Minha alimentação foi bem equilibrada e me alimentava de 2 em 2 horas, engordando somente 8 quilos em toda gestação. Realizávamos ultrassons quinzenais para acompanhamento além dos morfológicos. Na 20ª semana, inseri um pessario uterino para auxiliar na sustentação do peso dos bebês, protegendo o colo e evitando rompimento de bolsa.
Como sou muito alta, minha barriga cresceu bastante, mas parecia que eu estava esperando somente um bebê, ninguém dizia que eram três. Não precisei fazer repouso absoluto. Diminuí meu ritmo, não pegava peso, parei de dirigir com 24 semanas de gestação e passei a ficar mais sentada ou deitada nas duas últimas semanas.
Foi uma gravidez tranquila e muito curtida. Diferente da primeira, quando fiquei internada, desta vez pude comprar o enxoval deles, montar o quarto, fazer chá de bebê e aproveitar cada fase. Tinha também uma condição física melhor o que ajudou a evitar pressão alta, diabetes ou qualquer outro problema comum em gestação múltipla e com idade elevada.
Nosso plano era de seguir com a gestação até 34 semanas no mínimo, porém, um ultrassom na 32ª indicou que o Filipe estava com crescimento estacionado e que o cordão começava a dar sinais de interrupção de fluxo. Decidimos antecipar o parto para que ele não entrasse em sofrimento fetal.
O nascimento:
Assim como a Larissa, os trigêmeos nasceram de 32 semanas e 5 dias. Parece que foi planejado!
Larissa: 38cm e 1,840Kg
Anna: 43cm e 1,835Kg
Alexandre: 41cm e 1,540Kg
Filipe: 41cm e 1,415Kg
A UTI:
Larissa ficou na UTI por 24 dias. Respirava sozinha e só precisou ficar com acesso de antibióticos por 2 dias devido ao problema da bolsa rota, como precaução para qualquer infecção. Se alimentou por sonda nas duas primeiras semanas passando para mamadeira e peito em seguida. Teve anemia profunda e por isso demorou mais para ser liberada, mesmo com peso superior a 2 Kg.
Os trigêmeos ficaram na UTI por 26 dias. Respiravam sozinhos e somente o Alexandre ficou com oxigênio ambiente nas primeiras 24 horas pois nasceu muito ofegante. Também se alimentaram por sonda nas primeiras duas semanas. Devido ao baixo peso, fizemos “canguru” com os meninos por uma semana, quando os colocávamos em contato com minha pele diretamente por uma hora para ajudar no desenvolvimento. A Anna precisou de duas consultas com fonoaudióloga para aprender a sugar. Conseguimos sair com os três juntos, o que foi considerado pelo hospital uma grande vitória.
Semelhanças e diferenças dos trigêmeos:
A Anna estava em uma única placenta e é bem diferente dos irmãos. O Alexandre e o Filipe são idênticos e dividiram uma placenta, mas em sacos gestacionais distintos, o que foi positivo para evitar a síndrome de transfusão feto-fetal, nosso maior medo durante toda a gestação.
Cuidando de Trigêmeos + 1 criança:
Eu conto com a ajuda de uma babá durante o dia de segunda a sexta e com o papai a noite e nos finais de semana. Durante dois meses eu contratei uma babá noturna que me ajudou bastante. A partir do quarto mês os três já dormiam 8 horas e não precisei mais de ajuda neste período.
Como os identificar:?
O Alexandre e o Filipe são realmente muito parecidos e já cheguei a trocá-los duas vezes… Tentei colocar uma pulseira, mas eles tiram. O que os diferencia é que o Alexandre tem um cortezinho na orelha direita e uma manchinha na perna esquerda. Fora isso, tento colocar roupas diferentes, mas sempre tenho que dizer quem é quem, até mesmo para o papai!
Sonho realizado:
Após tantos anos de tratamento de fertilização, em um certo momento já duvidávamos de conseguir engravidar. Nada aparecia em nossos exames que pudesse identificar qual era o problema, o que dificultava o tratamento. Cheguei a engravidar em 2010 mas tive um aborto espontâneo na oitava semana, o que nos deixou muito frustrados. Era nossa sétima FIV…
Hoje, apesar das dificuldades de criar 4 filhos, nos sentimos vitoriosos e digo que faria tudo novamente. Criei uma fanpage para dividir minha experiência com outras mulheres que tentam engravidar ou que já possuem filhos. https://www.facebook.com/maedeproveta?fref=ts
Estou escrevendo um livro com a nossa história, pois acredito que como nós, muitos casais que passam pela dificuldade de engravidar precisam enfrentar situações constrangedoras e até mesmo conviver com pessoas que não conseguem entender o que passam. São conflitos internos que podem destruir uma relação à dois e até mesmo com família e amigos. Minha intenção é que tanto estes casais quanto aqueles que convivem com eles possam ler e amenizar esta convivência.