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Filho de 2 anos cospe na própria mãe, e ela se senta no chão e começa a chorar; Outra mãe consola: “Posso te dar um abraço?”

O dia 2 de agosto de 2019 tinha tudo para ser um dia normal, porém, esse dia foi um dia atípico na vida de Bertha Melman Brunchport, uma gerente de franquias. Bertha é mãe de Luiz. Naquele dia a mãe do menino resolveu ir à rua para trocar os presentes que o seu filho havia ganhando em ocasião de seu aniversário.

Quando chegou no estabelecimento, os brinquedos foram os que menos importaram para ela. Ela foi atendida, e uma moça simpática, funcionária da loja auxiliava nas trocas dos produtos. Foi então que Bertha começou a escutar a voz de um garotinho de aproximadamente 2 anos de idade.

“Eu só conseguia prestar atenção na fala alta de um garotinho. Mais ao fundo da loja, encontrei-o junto à mãe, que se equilibrava entre bolsa, sacolas, carrinho com compras de mercado. O menino devia ter uns 2 anos e queria colo. Ele chorava muito, mas ela tentava convencê-lo de que não conseguiria carregá-lo. Ela tentava pegá-lo, mas ele estava muito irritado. Batia as pernas, se jogava para trás e para frente. O aspecto de cansaço naquela mãe era visível e eu não conseguia desviar o foco deles”, disse a mãe em uma entrevista que concedeu para a revista CRESCER.

A vendedora continuou trabalhando normalmente, mas Bertha, simplesmente não conseguia escutar mais nada do que a vendedora falava, pois sua atenção ficou voltada completamente para o garotinho. O menino estava extremamente irritado, xingava e cuspia na própria mãe.

Na hora eu me lembrei que já havia passado por aquela cena algumas vezes. Quando meu filho era pequeno ele chorava muito, dava trabalho”, contou. A vontade de ajudar a desconhecida e ao mesmo tempo tão familiar, impulsionava Bertha. Até que o menino, já muito irritado começou a cuspir na mãe a xingá-la. “Aquela foi a gota d´água para mim. Não em relação ao comportamento do menino, mas sim em ver que eu precisava ajudar aquela mãe, que já sem forças, se sentou no chão, largou tudo que estava segurando e, como um bebê assustado, começou a chorar de soluçar. Perguntei se eu podia abraçá-la. Ela aceitou e ficamos ali por alguns minutos”, conta.

Nesta mesma entrevista, Bertha contou que o fato da mulher repetir que estava exausta e cansada de toda essa situação foi algo que chamou muito a atenção. Mas, essa mulher não tinha apenas um garotinho de dois anos, ela tinha também um bebê de três anos e que não conseguia dormir muito bem.

Para que a mulher pudesse sair de casa e dar uma volta com o filho mais velho era necessário que o esposo ficasse em casa com o filho menor.

“Ela me contou essa história, dizendo que estava fazendo tudo errado. Ela apontava aquela cena e se sentia culpada por ela. Pedia desculpas pelo comportamento do filho, dizia que errou ao educá-lo, que só precisava dormir, estava muito cansada. Eu a ouvia e peguei um lencinho que tinha na bolsa. Limpei seu rosto com cuidado e tentei acalmá-la dizendo que nós erramos tentando acertar. Que estava tudo bem. E ela apertava tão forte a minha mão que até doía.”

Foto: Reprodução Facebook

Julgamentos e olhares constrangedores

Os outros clientes da loja pareciam não gostar muito do que estava acontecendo. A vendedora trouxe um copo de água para essa mulher. Nesse tempo o menino já estava mais tranquilo, porém sua mãe, não.

. “De repente, ela respirou bem fundo, se levantou, ergueu a cabeça, nos agradeceu muito e foi embora. “Havia muita gente na loja. A maioria deles apenas olhava, cochichava e pareciam reprovar aquela mãe. Imagino que entre os comentários, devia ter um “Nossa, ai se fosse meu filho!”, “Eu já teria feito algo”, “Meu filho não se joga no chão, não faz birra…”, Muito se fala em empatia, mas pouco se coloca em prática essa palavra.”

Foi nesse momento que Bertha percebeu que existia uma oportunidade para analisar qual é o impacto de nossas atitudes nas vidas das pessoas.

“Fiquei pensando: “E se nos ajudássemos mais?”, se em vez de julgamentos tivéssemos sempre uma mão estendida para ajudar?”, diz. Naquele chão, Bertha pôde se ver na outra mãe. E, pelo menos para ela, o dia dois de agosto de 2019 ficará guardado na lembrança. “Sei que a ajudei. Mas no fim das contas fiz um bem danado a mim também. Mal consegui dormir aquela noite pensando no quanto precisamos ser acolhidas. Não importa onde ou como. Só importa nos importarmos”, finalizou.

Fonte: Revista CRESCER

 

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