Adolescência – Requisitos básicos para lidar com adolescentes
“A adolescência é como um muro de vidro: não há portas nem passagem, só a disposição de crescer para transpô-lo. Quem tenta escalá-lo só o fará após muitos escorregões. Quem ousa parti-lo, há de ferir-se com seus estilhaços. Do lado de cá, há reminiscências de ternura e aconchegos; do outro, promessas de conquista e êxtase.” (anotações de um adolescente)
A palavra “adolescer” vem do latim e significa crescer, engrossar, tornar-se maior, atingir a maioridade. Dos seres vivos, os humanos são os únicos que vivem a adolescência como uma etapa importante do desenvolvimento, marcada pelo crescimento físico, cognitivo, afetivo, moral e social.
O conceito de adolescência refere-se ao período da vida que vem logo após a infância e precede a idade adulta. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), transcorre dos 10 aos 20 anos, porém, a legislação brasileira entende, que o período de adolescência está compreendido de 12 a 18 anos. Dessa forma, é interessante considerar o maior período, o considerado pela OMS.
Adolescente! Esse ser especial tem na segunda década da vida o seu viver mais iluminado, mais bonito na estética e mais elástico nas possibilidades; quando a vida explode em mil cores, tão fortes, tão coloridas e especiais, que deixarão na memória sons, cheiros e imagens inesquecíveis e incomparáveis.
A adolescência é palco de mudanças físicas visíveis que representam a maturação do corpo, e a isso se dá o nome de puberdade. Já a mudança interna, mais difícil de ser entendida, interfere em seu comportamento, em suas ações.
Essas mudanças ocorrem paralelamente, mas em velocidades diferentes, principalmente quando os jovens são de sexos opostos.
A adolescência, para fins didáticos, pode ser dividida em “inicial” (10 a 14 anos) e tardia (15 a 19 anos), sendo a fase inicial mais turbulenta, visto que aí as mudanças ocorridas aparecem de forma brusca sem tempo para o indivíduo interpretar os fatos. Já na fase mais tardia, o indivíduo consegue entender melhor as transformações.
A formação da identidade é a principal tarefa do adolescente. Às vezes vale a pena perguntar quem é esse ser. Por que, de repente, ele se torna ora um sujeito mais que humano, ora uma pessoa detestável, na procura dessa identidade?
Nesse contexto, a família é fundamental. A busca da identidade, a ânsia de ingressar no mundo adulto e, ao mesmo tempo, o medo de fazer parte dele fazem com que o adolescente queira estabelecer normas próprias e fazer as coisas do “seu” jeito. Tudo isto com um único objetivo: ter uma identidade própria! Ser diferente dos pais! Ser igual a quem?
E tudo isso adquire uma dimensão ainda maior quando essa adolescência é vivida nos tempos atuais, com essa família “mutante”, como se vê na nossa realidade, recheada de casamentos, divórcios, recasamentos, novas estruturas familiares, um novo modelo de família. E independente do modelo de família onde o adolescente está inserido, é necessário que os pais ou responsáveis pelos mesmos tenham em mente dois pré-requisitos básicos:
DIÁLOGO – sempre e sobre TUDO, de uma forma clara e honesta.
LIMITES – fundamental na relação com o adolescente. E esses limites não podem ter início na adolescência e sim na mais tenra infância. Impor limites faz parte do processo educativo, e essa é uma das funções da mãe e do pai.
Fonte: Sociedade Brasileira de Pediatria